Logotipo ISASTUR
Manual de Segurança.

Edição revista 2010

Riscos Psicossociais

2.1. Factores ligados à tarefa

2.1.1. Conteúdo e significado do trabalho

Um trabalho com conteúdo é aquele que permite o trabalhador sentir que o seu trabalho serve para alguma coisa, que é útil no conjunto do processo em que é desenvolvido e para a sociedade em geral, e que lhe oferece a possibilidade de aplicar e desenvolver os seus conhecimentos e capacidades.

Para que um trabalho seja interessante deve ser variado, deve ter certa multiplicidade de tarefas e de atribuições, o que permite, ainda, regular melhor a carga de trabalho.

Contudo, deve-se ter em conta que o enriquecimento do trabalho, se for uma reestruturação para uma maior carga horizontal, não é enriquecimento, e sim um aumento da carga de trabalho. O enriquecimento de tarefas deve dar-se em uma melhoria vertical, de forma a obter verdadeiramente um enriquecimento psicológico através do trabalho, aumentando o grau de controlo sobre o próprio trabalho e a introdução de tarefas novas e mais difíceis.

2.1.2. Carga de trabalho

Quando, de forma transitória, o trabalho nos exige demasiado ou muito pouco, podemos adaptar-nos ao mesmo, mas se esta situação se repetir de forma quotidiana, tanto por excesso (sobrecarga), como por falta (infra-carga), pode tornar-se fonte de stress. Quando as exigências do trabalho superam a capacidade do sujeito para responder às mesmas, falamos de sobrecarga de trabalho, que pode ser:

  • Sobrecarga quantitativa: quando a pressão de tempo é alta, isto é, quando o trabalhador não pode regular o ritmo e este é elevado; quando se deve realizar grande volume de trabalho em relação ao tempo disponível; e/ou quando são numerosas as interrupções que obrigam a deixar momentaneamente as tarefas e voltar a elas mais tarde.
  • Sobrecarga qualitativa: quando a realização do trabalho exige demasiado do trabalhador que o realiza e este se sente superado. Costuma aparecer quando ocorre uma mudança tecnológica e organizacional; quando um trabalhador é promovido sem ter levado a cabo previamente as acções de informação e formação correspondentes; ou nos trabalhos de atendimento a utilizadores, público e/ou clientes.

Quando a realização das tarefas apresenta poucas exigências ao trabalhador, fala-se de infra-carga de trabalho, e esta pode ser:

  • Infra-carga quantitativa: quando a actividade (física e/ou mental) da tarefa é escassa, ou quando a presença do trabalhador é necessária, mas as suas intervenções são limitadas.
  • Infra-carga qualitativa: quando o conteúdo do trabalho é escasso, ou quando o trabalho é pouco criativo e a realização do mesmo não permite ter iniciativa nem tomar decisões.

2.1.3. Autonomia

Podemos diferenciar três tipos de autonomia:

  • Autonomia de tempos: possibilidade de controlar o ritmo de trabalho, a duração e distribuição das pausas e de adaptar o horário e as férias às suas necessidades.
  • Autonomia operacional: possibilidade de influir na ordem das tarefas, de escolher entre elas e o modo de execução, bem como a influência sobre a quantidade e a qualidade das respostas.
  • Autonomia organizacional: possibilidade de intervir na política da empresa, nos objectivos, normas e processos.

A falta de autonomia traz menor envolvimento do trabalhador na organização, afectando a sua motivação, gerando insatisfação e reduzindo o seu rendimento no trabalho. Além disso, se esta falta de controlo se prolongar no tempo, pode gerar ansiedade e alterações psicossomáticas.

2.1.4. Grau de automatização

Na maioria dos processos automatizados, a organização e o ritmo de trabalho dependem do equipamento, limitando a tarefa do trabalhador a uma série de operações rotineiras e repetitivas, perdendo-se a visão do conjunto do processo produtivo e originando o empobrecimento do conteúdo do trabalho e um aumento da monotonia.

Além disso, a informação recebida e tratada costuma aparecer em um ecrã, na forma de símbolos, sinais e gráficos que exigem interpretação (mais ou menos rápida em função da tarefa que se realiza), o que aumenta a carga mental do trabalho. Pode ocorrer igualmente um empobrecimento das relações pessoais e das possibilidades de comunicação com outros trabalhadores, aparecendo o risco de isolamento.

Copyright © 2010 - ISASTUR

Design e Programação Bittia